segunda-feira, 10 de dezembro de 2007



FEMISSÍVEL




Desde outras vidas


Minha dádiva, meu karma


É a sensibilidade




Minha alma


É papel carbono,


Qualquer coisa marca


Mas quase não aparece.




É um mar de sentimentos,


Às vezes tempestade


Às vezes água sem cor




Minha alma sempre vê o mundo


Com os seus olhos domésticos


Querendo retê-lo


Mas não consegue arrematá-lo num lance




É como ter a vida


Num convite que vai e que nunca vem




Como uma tarde vadia


Que ao se despedir me esvazia




Minha alma não consegue aceitar


Ter menos sabor




Não aceita ser menos porque a vida é mais


Não aceita ter que ser


Menos mulher, menos princesa




Não engole o pouco


Porque o pouco pra ela


Vale nada


E o nada é interessante


Mas não compra


Não adquire




Desde outras vidas


Minha alma é assim...


Não sabe se vai, ou se fica




É sensível


Quer a morte como quer a vida


Desde outros amores,


Ela é assim distraída




Não aceita ter de ser um


Quando quer ser tudo


Quando quer o mundo




Não entende


De que vale o eu quando devia ser nós?




Minha alma ambícia


Novas histórias


Ela carece de mais


Do que o menos que existe




Porque minha alma mesmo


Quando pensa


que quer pouco


Pede muito

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