FEMISSÍVEL
Desde outras vidas
Minha dádiva, meu karma
É a sensibilidade
Minha alma
É papel carbono,
Qualquer coisa marca
Mas quase não aparece.
É um mar de sentimentos,
Às vezes tempestade
Às vezes água sem cor
Minha alma sempre vê o mundo
Com os seus olhos domésticos
Querendo retê-lo
Mas não consegue arrematá-lo num lance
É como ter a vida
Num convite que vai e que nunca vem
Como uma tarde vadia
Que ao se despedir me esvazia
Minha alma não consegue aceitar
Ter menos sabor
Não aceita ser menos porque a vida é mais
Não aceita ter que ser
Menos mulher, menos princesa
Não engole o pouco
Porque o pouco pra ela
Vale nada
E o nada é interessante
Mas não compra
Não adquire
Desde outras vidas
Minha alma é assim...
Não sabe se vai, ou se fica
É sensível
Quer a morte como quer a vida
Desde outros amores,
Ela é assim distraída
Não aceita ter de ser um
Quando quer ser tudo
Quando quer o mundo
Não entende
De que vale o eu quando devia ser nós?
Minha alma ambícia
Novas histórias
Ela carece de mais
Do que o menos que existe
Porque minha alma mesmo
Quando pensa
que quer pouco
Pede muito
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